Crítica: Mr. Vingança (2002)

 

Mr. Vingança, de 2002, é o primeiro filme da Trilogia de Vingança do diretor coreano Chan-Wook Park.

O filme conta a história de Ryu (Ha-Kyon Shin), um trabalhador surdo-mudo que tenta desesperadamente achar um rim para sua irmã, que sofre de uma doença séria. Depois de quase perder as esperanças, ele conhece traficantes ilegais de órgãos, que fazem-lhe uma proposta: Ele os daria seu rim e mais uma grande quantia de dinheiro em troca de um rim que fosse compatível com sua irmã. O problema é que tal troca lhe deixa agora sem dinheiro para a cirurgia, tornando novamente seus esforços (e a perda de um órgão) em vão.

E tudo parecia perdido, até que a namorada de Ryu, a anarquista Cha-Yeoung Mi (Donna Bae) tem a idéia de sequestrar Yusun (Bo-Bae Han), a filha criança do antigo chefe dele (que o havia demitido), Park Dong-Jin (Kang-Ho Song), e promete tratar a pequena bem até que possam receber o dinheiro necessário do pai dela.

Porém tudo dá errado. O pai de Yusun se recusa a pagar, a irmã de Ryu morre e, como se não bastasse, a pequena criança também cai em um rio e morre afogada, acabando não só com o plano mas com a felicidade e a sanidade dos personagens. Então, tomado pelo ódio, Ryu promete se vingar dos traficantes de órgãos. Mas, para piorar a situação, o pai da garotinha promete se vingar dos sequestradores, assim criando uma história em que dois desejos de vingança se cruzam.

O filme começa fascinante, o que é característico do competente Chan-Wook Park. A história é contada com diálogos inteligentes e com um dinamismo interessante entre os personagens e as alterações entre a fala verbal e a linguagem de sinais (que são acompanhadas por legendas), e logo no começo somos apresentados à urgência do problema da irmã de Ryu, enquanto ela geme e se contorce de dor (em um plano de eficiente humor negro, no qual, do outro lado da parede, vemos alguns vizinhos se masturbando aos gemidos). E a construção dos personagens é bem-feita. O principal sendo ingênuo e inocente, a namorada sendo batalhadora e extrovertida, a menininha sendo dócil e bonitinha e seu pai sendo constantemente rebaixado conforme vemos situações nas quais suas ações revelam seu mau-caráter. E de forma ágil e orgânica.

O grande problema de Mr. Vingança é que ele não consegue manter-se fascinante conforme a narrativa vai passando. Depois do segundo ato, a narrativa fica extremamente lenta e cansativa, já que na maior parte do tempo não há nada de fato interessante ocorrendo na tela. Os acontecimentos marcantes têm sua devida importância, porém a narrativa fica desequilibrada, oscilando de forma não muito eficiente entre a realidade e o psicológico (as visões que o pai tem de sua filha, por exemplo, são constantes e excessivamente longas), e não há como não perceber outros planos que são esticados além da conta e poderiam ser mais rápidos, ou diálogos que não acrescentam na história.

Felizmente depois, em seu clímax, a narrativa se estabiliza e volta a contar a história de forma interessante, tomando grandes proporções e ficando absurdamente empolgante. Quando as vinganças se cruzam é impossível não ficar empolgado e tenso. Park Chan-Wook consegue fazer cenas geniais que conseguem tornar a violência e o sadismo em um objeto fascinante e usado na dose certa, no contexto certo e de forma nunca gratuita, porém bem repulsiva para aqueles que não estão acostumados ou que têm estômagos fracos, o que é uma característica do diretor, que faz filmes inteligentes, com violência usada de forma inteligente, porém que não são para todos.

E então o clímax do filme consegue ‘acordar’ o espectador e deixá-lo satisfeito até a chegada dos créditos. O grande problema é o meio. Se a narrativa fosse mais estável, o filme seria bem melhor.

Mesmo sendo, de longe, o filme mais fraco da trilogia, Mr. Vingança ainda satisfaz e se mostra como uma boa fuga dos clichês Hollywoodianos. Vale a pena ser visto.

Nota: 7,5

 

A Trilogia de Vingança (The Vengeance Trilogy – 복수 삼부작)

Semana que vem entrarei em provas e (pra variar) não poderei dar muita atenção ao blog, mas já deixo aqui um projeto que concluirei assim que possível: Críticas dos filmes da Trilogia de Vingança.

A Trilogia de Vingança é uma trilogia (não, sério?) de filmes coreanos, dirigidos pelo absurdamente competente Park-Chan Wook (também responsável pelo filme Sede de Sangue ,cuja crítica já postei aqui no blog), que tem 3 temas em comum: Violência, Salvação e, claro, Vingança, mesmo que os filmes não mantenham ligações diretas entre sí.

Os filmes pertencentes a essa trilogia são: Mr. Vingança (de 2002), Oldboy (de 2003, o mais conhecido aqui no Brasil) e Lady Vingança (de 2005).

Crítica: Kimi ni Todoke (2010)

Olá! Desculpe a demora, não pude postar quando falei que ia, mas aqui está a crítica!

Kimi ni Todoke é um mangá criado por Haruno Shiina, e que posteriormente ganhou uma versão em anime e, agora, uma versão em live-action.

Não lí o mangá nem ví o anime, então esse filme é o primeiro contato que tenho com a série, logo, não poderei fazer comparações muito relevantes, e falarei sobre o filme como ele realmente é.

Aqui é contada a história de Kuronuma Sawako (Mikako Tabe), uma menina que nasceu na véspera de ano-novo e que é extremamente inocente e prestativa, porém tímida e melacólica, já que, desde criança, era excluída pelas companheirinhas por parecer com a personagem Sadako, do filme Ringu (a versão japonesa de ‘O Chamado’), e até seu colegial circulam rumores excessivamente idiotas de que se você olhar para ela por mais de 3 segundos, sua alma irá para o inferno (??).

Porém, uma luz entra em sua vida quando ela se apaixona por Shouta Kazehaya (Haruma Miura), o menino mais popular de todos, e que é conhecido por contagiar a todos com seu bom-humor e alegria. E ele, também, é o único que vai contra os rumores, respeita e tenta se aproximar de Sawako, fazendo com que ela arrume amigos e consiga ser feliz pela primeira vez em muito tempo.

Mesmo parecendo clichê, a premissa aqui é feita com competênciam, mesmo impossível ignorar alguns sérios problemas, como o fato de que nenhuma série normal de colegiais acreditaria e levaria a sério tais rumores de primário. Além disso, Sawako é a típica garota incompreendida e ‘perfeita’, já que é impossívelmente inocente e bondosa, nunca soando como uma personagem realista e humana. A culpa, claro, não é da atriz Mikako Tabe, que consegue retratar com competência a melancolia e a tristeza, e consegue fazer com que cada sorriso seja especial, mas sim do roteiro.

Um roteiro, que também insiste em retratar fielmente o material de origem, colocando diversos acontecimentos isolados que fazem com que o filme se torne episódico, sendo alguns desses interessantes e outros nem tanto, o que faz com que a projeção fique entediante em partes e empolgante em outras.

Porém, mesmo assim, Kimi no Todoke consegue ser tocante e amável. A fotografia colorida e alegre, a trilha sonora suave e agradável e a direção competente de Naoto Kumazawa, que se mostra inteligente não só ao retratar bem os momentos-chave da projeção, mas também em planos tocantes (a cena em que as pétalas de Sakura caem sobre a personagem principal, que sorrí de forma absurdamente envolvente e emocionante) ou divertidos (como aquele que compara Sadako (do filme Ringu) saindo de uma televisão e Sawako quando criança saindo de um brinquedo, no começo do filme).

Mas o maior charme é dado aos personagens secundários Ayane Yano (Natsuna), Chizuru Yoshida (Misako Renbutsu) e Sanada Ryu (Haru Aoyama), que são os verdadeiros responsáveis por toda a esperança e a alegria que sentimos em relação à personagem principal, e que, felizmente, conseguem ter a devida atenção dentro da narrativa.

Assim, Kimi ni Todoke é um filme difícil de não se envolver, mesmo com seus problemas. Tem alguns bons personagens, várias boas cenas e uma parte técnica impressionante. Em várias cenas, pausei o filme apenas para apreciar a beleza de alguns planos, paisagens e imagens.

Vale a pena ver. It’s so lovely ~

Nota: 7,0

Nova proposta do blog.

Olá!

Pois é, não posto há 1 mês. Terceiro ano não é amigável com ninguém =(

Porém não esquecí do blog, lógico. E estive pensando em mudar um pouco a proposta aqui.

Ultimamente os filmes hollywoodianos andam seguindo fórmulas e todos seguem mais ou menos o mesmo padrão. E, infelizmente, o acesso ao cinema outras indústrias não é tão abundante e nem provoca tanto o interesse da maioria das pessoas. Então pensei em focar as críticas em filmes de outras nacionalidades, que não americanos. Filmes japoneses, coreanos, franceses, e não necessariamente recentes. E também reservarei um espaço maior para filmes clássicos e cult, coisa que estava faltando aqui no blog.

Amanhã já começarei postando crítica do filme live-action japonês Kimi ni Todoke, baseado no mangá de Haruno Shiina. E espero cada vez mais fazer com que as pessoas se interessem por coisas diferentes e menos conhecidas…

…porque Hollywood já era.

Crítica: Gantz

Já havia feito um post sobre esse live-action em Maio do ano passado e, como disse lá, sou muito fã do mangá (escrito por Hiroya Oku), a ponto de considerá-lo um dos meus favoritos. E eu gosto tanto assim por ser simplesmente genial, um seinen de qualidade, com bastante ação e violência, mas acima de tudo por sua atmosfera de constante psicose e perturbação, por seus personagens realistas, humanos e pelas relações absurdamente bem-construídas, e, por extensão, ótimas partes dramáticas.

Ao ficar sabendo que esse mangá ia ter uma adaptação em live-action (com atores de verdade) já fiquei desconfiado de início, afinal não temos um histórico de adaptações de mangás que nos deixe tranquilos nessas situações (vide o horrível Dragonball Evolution), mas então ví que o filme ia ser japonês, e já fiquei um pouco mais tranquilo (vide o ótimo Battle Royale), mas ainda meio tenso. Não ví muitos trailers a respeito, então quando decidí assistir, lancei a sorte. Literalmente, porque assistí com uma horrível dublagem americana. Horrível MESMO.

Mas o que tive foi uma agradável surpresa. Gantz, assim como o mangá, conta a história de Kei Kurono (Kazunari Ninomiya), um adolescente normal, com os hormônios à flor da pele e entediado da vida, que, em um dia normal no metrô, percebe que um bêbado caiu nos trilhos. Inexpressivo, apenas observando o que iria acontecer, percebe que alguém vai tentar ajudar o pobre coitado. Esse alguém é Katou Masaru (Kenichi Matsuyama), que já havia sido amigo de Kei quando eram crianças. Ao tentar ajudá-lo a ajudar o bêbado, acaba, junto com seu ex-colega, sendo atropelado pelo trem, e, de repente, percebe que os dois se encontram em um apartamento com pessoas aleatórias que também, há segundos atrás, estavam morrendo. Nesse quarto, além das pessoas, não há nada, além de uma grande esfera negra chamada Gantz. Nela, aparece escrito que agora eles deveriam realizar uma missão: Derrotar um alien usando uma roupa que lhes dá super força, agilidade e capacidades sobre-humanas e armas-laser. A cada missão concluída, os sobreviventes vão ganhando pontos de acordo com o desempenho. Ao juntar 100 pontos, a pessoa pode escolher entre ter sua memória apagada referentea tudo relacionado ao Gantz e às missões, reviver alguém que foi morto em uma das missões ou escolher uma arma mais efetiva (essa última opção aparece somente no mangá, no filme não.)

Na parte técnica, Gantz sucede em todos os aspectos. A fotografia é impecável, assim como a direção de arte e os efeitos especiais, que se revelam MUITO acima da média dos filmes japoneses gerais, que geralmente não envolvem muito dinheiro e, por melhores que sejam, acabam sendo tecnicamente fracos. Além de que, o diretor Shinsuke Sato apresenta aqui uma grande imaginação referente ao design das criaturas e demonstra-se bastante criativo, o que é um ponto alto do filme. É impressionante o design, por exemplo, do Alien Tanaka na 2ª missão, que causa estranhesa e ao mesmo tempo é cômico, medonho e perturbador. Sendo o primeiro filme que vejo do diretor, já tenho uma ótima primeira impressão dele.

Sua capacidade de causar suspense também é impressionante. Em várias cenas o filme fica tenso e causa uma sensação intencional de desconforto. E ele consegue fazer isso com um simples plano fechado na face estática de uma estátua, ou com um longo plano em um ambiente escuro, o que reforça o fato de Shinsuke Sato ser um ótimo diretor. E as cenas de alívio cômico são colocadas de forma impecável, de forma natural e rápida, soando como simples gags em meio à tensão da história toda. É simplesmente impressionante.

O problema do filme é o roteiro, que acaba se esforçando demais para condensar a história do mangá no filme, ainda que esse não é o único e terão ainda sequências, visto que esse primeiro só mostra as três primeiras missões. Tentando condensar a história, acaba excluindo vários elementos fascinantes do material de origem e acaba fazendo inversões e acaba apresentando de forma excessivamente rápida e ‘sem sal’ alguns elementos que apareceriam apenas bem pra frente, de formas que encaixam bem no enredo, no contexto e no desenvolvimento da história. Por consequência disso, acabam ficando pra trás grandes características psicológicas dos personagens (como a constante tara de Kurono, sua relação com algumas personagens marcantes – que acabam ficando menos marcantes – e a origem e as motivações de sua habilidade como ‘jogador’). Assim, também diminuindo o peso de várias cenas importantes e fazendo com que a história deixe de ser tão emocionante, perdendo assim graaaande parte da magia do mangá.

Como se não bastasse, as inversões e as mudanças anteriormente citadas tomam uma proporção absurda à medida que o filme caminha para o fim. Cada vez mais as mudanças vão se acumulando e quando o filme acaba, parece que você viu um filme completamente diferente do que o mangá era. Eu, que lí o mangá, não tenho idéia agora de como a história vai prosseguir. Ao final da última missão, a coisa já tá muito diferente, e a margem que é deixada para a continuação é COMPLETAMENTE fora do material de origem, o que me deixou com uma sensação de “AI CARALHO NUM TÔ ENTENDENDO MAIS NADA”. O que, de certa forma, me deixa curioso, pois a história toma um rumo completamente imprevisível.

Mesmo com os defeitos anteriormente citados, nada faz com que Gantz seja um filme ruim. Ele consegue prender o espectador e deixá-lo entretido e curioso pelo o que vai acontecer. Obviamente, quem nunca leu o mangá não vai estranhar tanto as mudanças e pode se divertir melhor. Mas de qualquer forma, é uma ótima surpresa. Vale a pena ser visto, mas faça um favor a sí mesmo e espere a versão com o áudio original japonês sair. Quando digo que a dublagem americana é nojenta, ela realmente é NOJENTA e acaba tirando a magia de muitas e muitas cenas, e incomoda o filme inteiro.

Nota: 7,0

“Imagina que você vê alguém que tá quase morrendo. O que você ia pensar? ‘Ai, temos que ajudá-lo!’ Pára, isso é papinho, isso é mentira! Sabe o que você ia pensar? ‘Eu acho que eu vou ver alguém morrendo hoje’, é isso o que você ia pensar.” – Propaganda do anime de Gantz do finado canal Animax.

Aniversário do Charlie Chaplin! E do blog, claro.

Bom, hoje, dia 16 de Abril faz um ano que criei esse blog, e posso dizer que me sinto orgulhoso por ter durado tanto, mesmo com poucas visualizações e poucos comentários (tive que suplicar por grande parte dos que tem aqui QQQ), e mesmo comigo falando que vou fazer coisas e não tendo tempo ou disposição pra isso e ficar devendo por meses, ou passar dias sem postar…Mesmo assim, me sinto orgulhoso por ter durado 1 ano, e não é agora que pretendo parar. E o orgulho ao qual me refiro não vem apenas de mim, mas também dos poucos que lêem e também orgulho da arte na qual esse blog foca, porque existem poucas coisas mais bonitas do que o cinema.

Orgulho de ter escrito 4 críticas de filmes que mereceram a nota 10, e também de alguns que recomendei mas não escreví sobre (como Cisne Negro) que também fazem valer a experiência. O Cinema não é apenas uma tela passando imagens, é uma transmissão de conhecimento, emoção, mensagens e tudo o que realmente faz uma boa arte. Mesmo adquirindo um ódio crescente por Hollywood e pelo o que andam fazendo com essa arte que tanto amo.

E, aproveitando aqui, devo dizer que, coincidentemente, hoje Charlie Chaplin, um dos maiores nomes do cinema e um dos melhores diretores e roteiristas da história (se não O melhor), estaria fazendo aniversário hoje. É um nome corrente na vida das pessoas e era uma pessoa ímpar, que merece também estar para sempre na história e nos nossos corações.

Obrigado a todos que estão agora lendo isso. Muito obrigado mesmo.

Boa tarde e bons filmes.

Nintendo Troll

Todo Nintendista sofre de um problema comum: Trollagem aguda, mas nunca deixam de acreditar nessa tão amada empresa de Videogames.

Para nos divertir, com um humor divertido, nerd e, claro, nintendista, foi criado o blog Nintendo Troll.

Dêem uma conferida!

http://nintendotroll.wordpress.com/

Crítica: Sucker Punch – Mundo Surreal

Ao vermos uma peça de teatro dependemos de um roteiro claro e de atuações que permitam a compreensão integral do público sobre o que está acontecendo no palco. Assim, o espaço para sutilezas é reduzido, visto que tudo tem que ser fluido e visível. Sabendo disso, o diretor Zack Snyder abre seu filme em um plano aberto que mostra um palco, com a protagonista ao centro e com o cenário sendo o quarto da mesma, até que com um lento zoom o plano se fecha e entramos no universo do filme em sí. O que quero dizer aqui é que, voluntáriamente, Snyder tirou a palavra “sutileza” de seu dicionário ao escrever (junto a Steve Shibuya) o roteiro e ao dirigir esse filme.

Sucker Punch – Mundo Surreal conta a história de Babydoll (Emily Browning), uma adolescente que, com a morte de sua mãe, acaba se tormando vulnerável aos abusos de seu maligno padrasto, que prova a citada falta de sutileza do roteiro ao exibir um longo sorriso maléfico (e doentio) durante o enterro da própria esposa, ao se dar conta de que agora poderá fazer ‘o que quisesse’ com suas duas enteadas. Em uma tentativa de se defender e à irmã mais nova dos abusos, acaba ocorrendo um acidente, e a protagonista é enviada a uma espécie de ‘lar’ para garotas psicóticas e mentalmente problemáticas, e é lá onde sofrerá uma lobotomia para perder a memória. Nesse ambiente, arruma um plano de fuga para executar com suas colegas Rocket (Jena Malone); Sweet Pea (Abbie Cornish); Blondie (Vanessa Hudgens) e Amber (Jamie Chung). Para auxiliá-la a suportar a situação, sempre que é obrigada a dançar, imagina-se em mundos surreais, onde luta com criaturas bizarras e lá encontra o que é preciso para fugir.

As cenas que abrem o filme já mostram o peso da parte sonora. Ao som de uma ótima versão da música Sweet Dreams (Are Made of This) cantada pela própria Emily Browning, as sequências são intensas e emocionantes. E ao longo da projeção há uma grande e pesada união entre a ação, o movimento, a cinética e a música. Nunca ví um filme na qual tal união tenha sido feita de forma tão boa, bonita e efetiva.

Quanto ao roteiro, é interessante perceber que é o primeiro trabalho de Roteiro Original de Snyder, sendo Madrugada dos Mortos um remake, 300 e Watchmen adaptações de HQ’s e A Lenda dos Guardiões adaptação de livros. Aqui, com a recém-adquirida liberdade e ao lado de seu parceiro de roteiro, literalmente bota pra f*der e joga tudo o que lhe agrada na tentativa de fazer o filme de ação perfeito. O filme de ação dos sonhos dele. O filme DELE. Assim, acaba se estabelecendo como um Lars Von Trier mais infantil, imaturo, nerd e otaku. Não que isso seja ruim. Pelo contrário.

Vemos aqui adolescentes gostosas com roupa de colegial japonesa, samurais, primeira guerra (com um estilo steampunk), ogros, dragões, robôs, mechas (robôs gigantes), espadas, tiros, balas, explosões e todo o resto que faz um bom filme de ação. Assim, vem a pergunta: Sucker Punch é o filme de ação perfeito?

Snyder também se entrega de vez a seus maneirismos. Desde 300 vemos sua fascinação por planos-sequência (planos inteiros sem cortes), porém todos lineares e laterais. Aqui em Sucker Punch temos direito a um desses. Maior, mais longo e com câmera girando e coisas piscando e alternância entre as personagens e espadas e cacos de vidro e faíscas voando e socos e explosões e…meu Deus! Isso além da sua marca registrada, que é a mudança entre a câmera lenta e a câmera normal.

A fotografia é impecável, sendo opaca, dark e cinzenta no mundo real, junto à excelentíssima direção de arte que faz com que todo mundo lá pareça pálido e mórbido. Em contraposição, as cenas no “Mundo Inteligível de Babydoll” são bem iluminadas e piscantes. Os figurinos são ótimos e os cenários são todos lindos de se ver e empolgantes de acompanhar. Com seus ótimos efeitos especiais também, conclui-se que Sucker Punch é sim o filme de ação perfeito, mas não é só isso. É um espetáculo visual e um orgasmo mental à todos aqueles que são como Zack Snyder: Nerds, otakus, fãs de filmes, de HQ’s e da cultura pop.

Uma pena que essas liberdades tomadas tenham desagradado não só à crítica mas à muitas pessoas. Mas ainda assim, posso dizer. Sucker Punch é do caralho. Mesmo.

Nota: 10/10
Sweet dreams are made of this. Who am I to disagree?

Vencedores do Oscar 2011

Pois é, chegaram os vencedores do Oscar 2011. A cerimônia foi divertida como sempre…a introdução foi impecável, James Franco mostrou seu carisma habitual e Anne Hathaway foi simplesmente perfeita, independente do que o Hollywood Reporter falou dela. Danem-se eles, ela foi perfeita.

Sobre os vencedores, não tenho muito a declarar…foi tudo, como sempre, bem previsível, tirando o Oscar de Melhor Direção de Arte, que eu jurava que iria para A Origem e foi para Alice no País das Maravilhas.

O Discurso do Rei, como previsto, saiu ownando nas categorias principais (incluindo a de melhor filme), mesmo comigo não concordando e achando que Cisne Negro merecia mais destaque. A Origem ganhou várias estatuetas na parte técnica mas fiquei muito bravo (e o Christopher Nolan também) por não ter ganho o de Melhor Roteiro Original, já que esse foi pro anteriormente citado filme-troll O Discurso do Rei.

Segue a lista completa dos vencedores:

Melhor filme

Cisne Negro
O Vencedor
A Origem
O Discurso do Rei – VENCEDOR
A Rede Social
Minhas Mães e meu Pai
Toy Story 3
127 Horas
Bravura Indômita
Inverno da Alma

Melhor diretor

Darren Aronovsky – Cisne Negro
David Fincher – A Rede Social
Tom Hooper – O Discurso do Rei – VENCEDOR
David O. Russell – O Vencedor
Joel e Ethan Coen – Bravura Indômita

Melhor ator

Jesse Eisenberg – A Rede Social
Colin Firth – O Discurso do Rei – VENCEDOR
James Franco – 127 Horas
Jeff Bridges – Bravura Indômita
Javier Bardem – Biutiful

Melhor atriz

Nicole Kidman – Reencontrando a Felicidade
Jennifer Lawrence – Inverno da Alma
Natalie Portman – Cisne Negro – VENCEDORA
Michelle Williams – Blue Valentine
Annette Bening – Minhas Mães e meu Pai

Melhor ator coadjuvante

Christian Bale – O Vencedor – VENCEDOR
Jeremy Renner – Atração Perigosa
Geoffrey Rush – O Discurso do Rei
John Hawkes – Inverno da Alma
Mark Ruffalo – Minhas Mães e meu Pai

Melhor atriz coadjuvante

Amy Adams – O Vencedor
Helena Bonham Carter – O Discurso do Rei
Jacki Weaver – Animal Kingdom
Melissa Leo – O Vencedor – VENCEDORA
Hailee Steinfeld – Bravura Indômita

Melhor longa animado

Como Treinar o Seu Dragão
O Mágico
Toy Story 3 – VENCEDOR

Melhor filme em lingua estrangeira

Biutiful
Fora-da-Lei
Dente Canino
Incendies
Em um Mundo Melhor – VENCEDOR

Melhor direção de arte

Alice no País das Maravilhas – VENCEDOR
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I
A Origem
O Discurso do Rei
Bravura Indômita

Melhor fotografia

Cisne Negro
A Origem – VENCEDOR
O Discurso do Rei
A Rede Social
Bravura Indômita

Melhor figurino

Alice no País das Maravilhas – VENCEDOR
I am Love
O Discurso do Rei
The Tempest
Bravura Indômita

Melhor montagem

Cisne Negro
O Vencedor
O Discurso do Rei
A Rede Social – VENCEDOR
127 Horas

Melhor documentário

Lixo Extraordinário
Exit Through the Gift Shop
Trabalho Interno – VENCEDOR
Gasland
Restrepo

Melhor documentário em curta-metragem

Killing in the Name
Poster Girl
Strangers no More – VENCEDOR
Sun Come Up
The Warriors of Qiugang

Melhor trilha sonora

Alexandre Desplat – O Discurso do Rei
John Powell – Como Treinar o seu Dragão
A.R. Rahman – 127 Horas
Trent Reznor e Atticus Ross – A Rede Social – VENCEDORES
Hans Zimmer – A Origem

Melhor canção original

“Coming Home” – Country Strong
“I See the Light” – Enrolados
“If I Rise” – 127 Horas
We Belong Together – Toy Story 3 – VENCEDOR

Melhor Maquiagem

O Lobisomem – VENCEDOR
Caminho da Liberdade
Minha Versão para o Amor

Melhor Curta-metragem de animação

Day & Night
The Gruffalo
Let’s Pollute
The Lost Thing – VENCEDOR
Madagascar, Carnet de Voyage

Melhor Curta-metragem

The Confession
The Crush
God of Love – VENCEDOR
Na Wewe
Wish 143

Melhor Edição de som

A Origem – VENCEDOR
Toy Story 3
Tron – O Legado
Bravura Indômita
Incontrolável

Melhor Mixagem de som

A Origem – VENCEDOR
Bravura Indômita
O Discurso do Rei
A Rede Social
Salt

Melhor Efeitos especiais

Alice no País das Maravilhas
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I
Além da Vida
A Origem – VENCEDOR
Homem de Ferro 2

Melhor Roteiro adaptado

A Rede Social – VENCEDOR
127 Horas
Toy Story 3
Bravura Indômita
Inverno da Alma

Melhor Roteiro original

Minhas Mães e meu Pai
A Origem
O Discurso do Rei – VENCEDOR
O Vencedor
Another Year

Lista tirada de http://blig.ig.com.br/cinemaetudoissoblog/oscar-2011-candidatos/

Crítica: Besouro Verde

Olá!

Agora que as aulas começaram anda meio punk de arrumar disposição (tempo rola, disposição tá tenso) de escrever e postar. Todos dizem que o terceiro ano do ensino médio é época de estudar absurdamente todos os dias, sem sair de fim-de-semana pra esse fim. Eu estou pouco me fodendo (com o perdão do termo). Saio de fds sim, vou no cinema sim. Estudo? Sim, todo dia. Mas me recusar a ir no cinema, a coisa que mais gosto? Nah.

Ontem estreou Besouro Verde aqui no Brasil, e numa rara pontualidade, aqui na ‘minha terra’ também. Por que isso? Bem, isso vai ser respondido mais à frente.

Michael Gondry em sua carreira dirigiu filmes bem diferentes, e seus dois filmes de maior destaque (o bom Rebobine, Por Favor e o excelente Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças) são comédias absurdamente fora das tendências hollywoodianas. Depois de muitos conflitos e da saída do excelente Stephen Chow (dos excelentes Kung-Fusão e Shaolin Soccer), Gondry foi o que acabou botando as mãos nesse filme, seu primeiro blockbuster hollywoodiano de grande renda.

Pois é. Blockbuster hollywoodiano. Um filme com ação, comédia, violência moderada e muitos efeitos especiais. Essa é a tendência ultimamente de hollywood. Assim, eles atraem uma camada grande de espectadores e ganham o que querem: Grana. Assim, mesmo em cinemas precários (vulgo o cinema de São Carlos), que não chegaram nem a estrear o excelentíssimo Cisne Negro (tive que viajar pra vê-lo), estréiam essas ‘coisas’ pontualmente, com público garantido.

Muitas vezes esses blockbusters hollywoodianos conseguem pelo menos divertir com ação e uma história que não exige que você pense muito, e soam como um alívio do dia-a-dia. Infelizmente, Besouro Verde abusa da sua vontade de relaxar, e bombardeia você com tosquisse atrás de tosquisse.

O filme conta a história de Britt Reid (Seth Rogen, um ator que eu gosto muito, diga-se se passagem), um homem que não liga pra nada, negligenciado desde pequeno pelo pai – dono da maior empresa de jornal da cidade –  alcoólatra e despreocupado. Um dia, recebe a notícia que seu pai foi morto devido a uma reação alérgica a uma picada de abelha e herda toda sua companhia, sendo obrigado a seguir o legado de apresentar notícias e expor a corrupção da cidade, mesmo não tendo qualificação profissional ou mental pra isso. Até que ele conhece Kato (Jay Chow), o homem que fabricava os carros de seu pai, fazia seu café e que tem uma experiência absurda em artes marciais, e decide, junto com esse parceiro, virar o Besouro Verde, um herói que posa de vilão pra se aproximar das pessoas más e, assim, acabar com elas.

Normal, até aí, uma pena que o roteiro não ofereça nenhuma satisfação digna do motivo dele querer bancar o herói. A epifania de “eu não fiz nada de bom da minha vida, vou virar um justiceiro com meu parceiro que luta kung-fu e sair explodindo todo mundo que é mau” usada no filme não convence de forma alguma. Mas mesmo assim, a ação pode ser boa suficiente pra divertir, não é? Não?

Não.

Dá pra ver por essas cenas de luta que o ator Jay Chow realmente sabe lutar e sabe usar suas artes marciais. Também, isso seria necessário, visto que na série antiga na qual o filme foi baseado, o papel de Kato era de Bruce Lee, um dos maiores nomes do cinema das artes marciais e, sem dúvida, um ser único. Porém, mesmo sabendo lutar, Jay Chow não sabe atuar. O inglês que ele fala no filme carrega um sotaque atroz, e passa a sensação de que ele não sabe nada do idioma e não sabe o significado das frases que ele ‘recita’. Consequentemente, não consegue atuar. E mesmo nas cenas do filme onde ele poderia ter destaque (as cenas de luta), ele não impressiona. Mas essa última parte não é demérito dele, e sim do diretor, que coloca em tela efeitos de velocidade e CG perceptivelmente falso em excesso, fazendo com que essas fiquem impalpáveis, nada empolgantes e simplesmente toscas. Ainda mais quando ele usa sua “Kato-Vision”, que aparece num design estranho e nada inspirado. Cheguei a lembrar fortemente do péssimo desenho Action Man.  Pois é.

Seth Rogen está divertido como sempre, também. Ele consegue adicionar o carisma necessário para todos os personagens que faz. Porém, mesmo divertido, ele acaba ficando na sombra do seu parceiro, já que seu personagem não sabe lutar e é simplesmente um adulto irresponsável, que só vai ter o devido destaque de protagonista no final do filme, quando já está melhor dos seus defeitos de caráter e blá blá blá. Tudo isso depois de uma clássica rivalidade entre os personagens principais por causa de um interesse amoroso, aqui pela secretária Lenore Case (Cameron Diaz). Pois é. Esse filme é tendência. Previsível, clichê e nada demais.

Não poderia deixar de citar também o vilão Bloodnofsky, aqui sob responsabilidade do excelentíssimo ator Christoph Waltz, que mesmo tendo seu talento disperdiçado num vilão que tem pouco destaque, consegue se tornar a figura mais divertida do filme. Uma pena MESMO que, depois do Oscar de Ator Coadjuvante, ele tenha caído na mira de Hollywood. Não duvido que ele comece a aparecer em tudo quanto é filmezinho americano tosco caça-níquel depois disso. Não que ele seja ruim, MUITO pelo contrário.

A trilha sonora ajuda a engolir esse filme, também. Há músicas famosas e ótimas como Live With Me dos Rolling Stones e Blue Orchid dos White Stripes, que ajudam a experiência a ficar mais digesta.

Ah, verdade, esquecí de mencionar mais uma tendência: Esse filme está sendo exibido em 3D normal e IMAX 3D. Depois de Avatar, 3D têm virado tendência sim. Não vou dizer que é algo ruim, porque não sou hater. 3D oferece experiências inesquecíveis, como fez em Toy Story 3, Lenda dos Guardiões e Como Treinar Seu Dragão. Porém eu não ví Besouro Verde em 3D (nem tem cinema 3D aqui). Porém lí em alguns lugares que aqui foi mal-executado. Não sei se foi tão mal-executado quanto Fúria de Titãs (duvido. Pior 3D que aquele num rola), mas acho que ainda não vale o preço a mais do ingresso.

Na verdade, o filme em sí não vale o preço do ingresso de cinema. Conforme o tempo de projeção passa, o filme vai até ficando um pouco melhor. A última batalha até deu pra divertir um pouquinho, e tem um plano onde a edição e montagem me surpreendeu, no qual a notícia sobre o Besouro Verde vai se espalhando entre os mercenários da cidade, e a tela vai se dividindo a cada vez que uma pessoa espalha. É um plano legal de se acompanhar, mas nada disso salva o filme. Quando a coisa fica digerível, os créditos sobem, e aí?

Não duvido que haja uma continuação. Espero que não. Deixa isso quieto, por favor.

Nota: 3,5/10