Arquivo para maio \27\-03:00 2011

Crítica: Mr. Vingança (2002)

 

Mr. Vingança, de 2002, é o primeiro filme da Trilogia de Vingança do diretor coreano Chan-Wook Park.

O filme conta a história de Ryu (Ha-Kyon Shin), um trabalhador surdo-mudo que tenta desesperadamente achar um rim para sua irmã, que sofre de uma doença séria. Depois de quase perder as esperanças, ele conhece traficantes ilegais de órgãos, que fazem-lhe uma proposta: Ele os daria seu rim e mais uma grande quantia de dinheiro em troca de um rim que fosse compatível com sua irmã. O problema é que tal troca lhe deixa agora sem dinheiro para a cirurgia, tornando novamente seus esforços (e a perda de um órgão) em vão.

E tudo parecia perdido, até que a namorada de Ryu, a anarquista Cha-Yeoung Mi (Donna Bae) tem a idéia de sequestrar Yusun (Bo-Bae Han), a filha criança do antigo chefe dele (que o havia demitido), Park Dong-Jin (Kang-Ho Song), e promete tratar a pequena bem até que possam receber o dinheiro necessário do pai dela.

Porém tudo dá errado. O pai de Yusun se recusa a pagar, a irmã de Ryu morre e, como se não bastasse, a pequena criança também cai em um rio e morre afogada, acabando não só com o plano mas com a felicidade e a sanidade dos personagens. Então, tomado pelo ódio, Ryu promete se vingar dos traficantes de órgãos. Mas, para piorar a situação, o pai da garotinha promete se vingar dos sequestradores, assim criando uma história em que dois desejos de vingança se cruzam.

O filme começa fascinante, o que é característico do competente Chan-Wook Park. A história é contada com diálogos inteligentes e com um dinamismo interessante entre os personagens e as alterações entre a fala verbal e a linguagem de sinais (que são acompanhadas por legendas), e logo no começo somos apresentados à urgência do problema da irmã de Ryu, enquanto ela geme e se contorce de dor (em um plano de eficiente humor negro, no qual, do outro lado da parede, vemos alguns vizinhos se masturbando aos gemidos). E a construção dos personagens é bem-feita. O principal sendo ingênuo e inocente, a namorada sendo batalhadora e extrovertida, a menininha sendo dócil e bonitinha e seu pai sendo constantemente rebaixado conforme vemos situações nas quais suas ações revelam seu mau-caráter. E de forma ágil e orgânica.

O grande problema de Mr. Vingança é que ele não consegue manter-se fascinante conforme a narrativa vai passando. Depois do segundo ato, a narrativa fica extremamente lenta e cansativa, já que na maior parte do tempo não há nada de fato interessante ocorrendo na tela. Os acontecimentos marcantes têm sua devida importância, porém a narrativa fica desequilibrada, oscilando de forma não muito eficiente entre a realidade e o psicológico (as visões que o pai tem de sua filha, por exemplo, são constantes e excessivamente longas), e não há como não perceber outros planos que são esticados além da conta e poderiam ser mais rápidos, ou diálogos que não acrescentam na história.

Felizmente depois, em seu clímax, a narrativa se estabiliza e volta a contar a história de forma interessante, tomando grandes proporções e ficando absurdamente empolgante. Quando as vinganças se cruzam é impossível não ficar empolgado e tenso. Park Chan-Wook consegue fazer cenas geniais que conseguem tornar a violência e o sadismo em um objeto fascinante e usado na dose certa, no contexto certo e de forma nunca gratuita, porém bem repulsiva para aqueles que não estão acostumados ou que têm estômagos fracos, o que é uma característica do diretor, que faz filmes inteligentes, com violência usada de forma inteligente, porém que não são para todos.

E então o clímax do filme consegue ‘acordar’ o espectador e deixá-lo satisfeito até a chegada dos créditos. O grande problema é o meio. Se a narrativa fosse mais estável, o filme seria bem melhor.

Mesmo sendo, de longe, o filme mais fraco da trilogia, Mr. Vingança ainda satisfaz e se mostra como uma boa fuga dos clichês Hollywoodianos. Vale a pena ser visto.

Nota: 7,5

 

A Trilogia de Vingança (The Vengeance Trilogy – 복수 삼부작)

Semana que vem entrarei em provas e (pra variar) não poderei dar muita atenção ao blog, mas já deixo aqui um projeto que concluirei assim que possível: Críticas dos filmes da Trilogia de Vingança.

A Trilogia de Vingança é uma trilogia (não, sério?) de filmes coreanos, dirigidos pelo absurdamente competente Park-Chan Wook (também responsável pelo filme Sede de Sangue ,cuja crítica já postei aqui no blog), que tem 3 temas em comum: Violência, Salvação e, claro, Vingança, mesmo que os filmes não mantenham ligações diretas entre sí.

Os filmes pertencentes a essa trilogia são: Mr. Vingança (de 2002), Oldboy (de 2003, o mais conhecido aqui no Brasil) e Lady Vingança (de 2005).

Crítica: Kimi ni Todoke (2010)

Olá! Desculpe a demora, não pude postar quando falei que ia, mas aqui está a crítica!

Kimi ni Todoke é um mangá criado por Haruno Shiina, e que posteriormente ganhou uma versão em anime e, agora, uma versão em live-action.

Não lí o mangá nem ví o anime, então esse filme é o primeiro contato que tenho com a série, logo, não poderei fazer comparações muito relevantes, e falarei sobre o filme como ele realmente é.

Aqui é contada a história de Kuronuma Sawako (Mikako Tabe), uma menina que nasceu na véspera de ano-novo e que é extremamente inocente e prestativa, porém tímida e melacólica, já que, desde criança, era excluída pelas companheirinhas por parecer com a personagem Sadako, do filme Ringu (a versão japonesa de ‘O Chamado’), e até seu colegial circulam rumores excessivamente idiotas de que se você olhar para ela por mais de 3 segundos, sua alma irá para o inferno (??).

Porém, uma luz entra em sua vida quando ela se apaixona por Shouta Kazehaya (Haruma Miura), o menino mais popular de todos, e que é conhecido por contagiar a todos com seu bom-humor e alegria. E ele, também, é o único que vai contra os rumores, respeita e tenta se aproximar de Sawako, fazendo com que ela arrume amigos e consiga ser feliz pela primeira vez em muito tempo.

Mesmo parecendo clichê, a premissa aqui é feita com competênciam, mesmo impossível ignorar alguns sérios problemas, como o fato de que nenhuma série normal de colegiais acreditaria e levaria a sério tais rumores de primário. Além disso, Sawako é a típica garota incompreendida e ‘perfeita’, já que é impossívelmente inocente e bondosa, nunca soando como uma personagem realista e humana. A culpa, claro, não é da atriz Mikako Tabe, que consegue retratar com competência a melancolia e a tristeza, e consegue fazer com que cada sorriso seja especial, mas sim do roteiro.

Um roteiro, que também insiste em retratar fielmente o material de origem, colocando diversos acontecimentos isolados que fazem com que o filme se torne episódico, sendo alguns desses interessantes e outros nem tanto, o que faz com que a projeção fique entediante em partes e empolgante em outras.

Porém, mesmo assim, Kimi no Todoke consegue ser tocante e amável. A fotografia colorida e alegre, a trilha sonora suave e agradável e a direção competente de Naoto Kumazawa, que se mostra inteligente não só ao retratar bem os momentos-chave da projeção, mas também em planos tocantes (a cena em que as pétalas de Sakura caem sobre a personagem principal, que sorrí de forma absurdamente envolvente e emocionante) ou divertidos (como aquele que compara Sadako (do filme Ringu) saindo de uma televisão e Sawako quando criança saindo de um brinquedo, no começo do filme).

Mas o maior charme é dado aos personagens secundários Ayane Yano (Natsuna), Chizuru Yoshida (Misako Renbutsu) e Sanada Ryu (Haru Aoyama), que são os verdadeiros responsáveis por toda a esperança e a alegria que sentimos em relação à personagem principal, e que, felizmente, conseguem ter a devida atenção dentro da narrativa.

Assim, Kimi ni Todoke é um filme difícil de não se envolver, mesmo com seus problemas. Tem alguns bons personagens, várias boas cenas e uma parte técnica impressionante. Em várias cenas, pausei o filme apenas para apreciar a beleza de alguns planos, paisagens e imagens.

Vale a pena ver. It’s so lovely ~

Nota: 7,0

Nova proposta do blog.

Olá!

Pois é, não posto há 1 mês. Terceiro ano não é amigável com ninguém =(

Porém não esquecí do blog, lógico. E estive pensando em mudar um pouco a proposta aqui.

Ultimamente os filmes hollywoodianos andam seguindo fórmulas e todos seguem mais ou menos o mesmo padrão. E, infelizmente, o acesso ao cinema outras indústrias não é tão abundante e nem provoca tanto o interesse da maioria das pessoas. Então pensei em focar as críticas em filmes de outras nacionalidades, que não americanos. Filmes japoneses, coreanos, franceses, e não necessariamente recentes. E também reservarei um espaço maior para filmes clássicos e cult, coisa que estava faltando aqui no blog.

Amanhã já começarei postando crítica do filme live-action japonês Kimi ni Todoke, baseado no mangá de Haruno Shiina. E espero cada vez mais fazer com que as pessoas se interessem por coisas diferentes e menos conhecidas…

…porque Hollywood já era.