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Crítica: Sucker Punch – Mundo Surreal

Ao vermos uma peça de teatro dependemos de um roteiro claro e de atuações que permitam a compreensão integral do público sobre o que está acontecendo no palco. Assim, o espaço para sutilezas é reduzido, visto que tudo tem que ser fluido e visível. Sabendo disso, o diretor Zack Snyder abre seu filme em um plano aberto que mostra um palco, com a protagonista ao centro e com o cenário sendo o quarto da mesma, até que com um lento zoom o plano se fecha e entramos no universo do filme em sí. O que quero dizer aqui é que, voluntáriamente, Snyder tirou a palavra “sutileza” de seu dicionário ao escrever (junto a Steve Shibuya) o roteiro e ao dirigir esse filme.

Sucker Punch – Mundo Surreal conta a história de Babydoll (Emily Browning), uma adolescente que, com a morte de sua mãe, acaba se tormando vulnerável aos abusos de seu maligno padrasto, que prova a citada falta de sutileza do roteiro ao exibir um longo sorriso maléfico (e doentio) durante o enterro da própria esposa, ao se dar conta de que agora poderá fazer ‘o que quisesse’ com suas duas enteadas. Em uma tentativa de se defender e à irmã mais nova dos abusos, acaba ocorrendo um acidente, e a protagonista é enviada a uma espécie de ‘lar’ para garotas psicóticas e mentalmente problemáticas, e é lá onde sofrerá uma lobotomia para perder a memória. Nesse ambiente, arruma um plano de fuga para executar com suas colegas Rocket (Jena Malone); Sweet Pea (Abbie Cornish); Blondie (Vanessa Hudgens) e Amber (Jamie Chung). Para auxiliá-la a suportar a situação, sempre que é obrigada a dançar, imagina-se em mundos surreais, onde luta com criaturas bizarras e lá encontra o que é preciso para fugir.

As cenas que abrem o filme já mostram o peso da parte sonora. Ao som de uma ótima versão da música Sweet Dreams (Are Made of This) cantada pela própria Emily Browning, as sequências são intensas e emocionantes. E ao longo da projeção há uma grande e pesada união entre a ação, o movimento, a cinética e a música. Nunca ví um filme na qual tal união tenha sido feita de forma tão boa, bonita e efetiva.

Quanto ao roteiro, é interessante perceber que é o primeiro trabalho de Roteiro Original de Snyder, sendo Madrugada dos Mortos um remake, 300 e Watchmen adaptações de HQ’s e A Lenda dos Guardiões adaptação de livros. Aqui, com a recém-adquirida liberdade e ao lado de seu parceiro de roteiro, literalmente bota pra f*der e joga tudo o que lhe agrada na tentativa de fazer o filme de ação perfeito. O filme de ação dos sonhos dele. O filme DELE. Assim, acaba se estabelecendo como um Lars Von Trier mais infantil, imaturo, nerd e otaku. Não que isso seja ruim. Pelo contrário.

Vemos aqui adolescentes gostosas com roupa de colegial japonesa, samurais, primeira guerra (com um estilo steampunk), ogros, dragões, robôs, mechas (robôs gigantes), espadas, tiros, balas, explosões e todo o resto que faz um bom filme de ação. Assim, vem a pergunta: Sucker Punch é o filme de ação perfeito?

Snyder também se entrega de vez a seus maneirismos. Desde 300 vemos sua fascinação por planos-sequência (planos inteiros sem cortes), porém todos lineares e laterais. Aqui em Sucker Punch temos direito a um desses. Maior, mais longo e com câmera girando e coisas piscando e alternância entre as personagens e espadas e cacos de vidro e faíscas voando e socos e explosões e…meu Deus! Isso além da sua marca registrada, que é a mudança entre a câmera lenta e a câmera normal.

A fotografia é impecável, sendo opaca, dark e cinzenta no mundo real, junto à excelentíssima direção de arte que faz com que todo mundo lá pareça pálido e mórbido. Em contraposição, as cenas no “Mundo Inteligível de Babydoll” são bem iluminadas e piscantes. Os figurinos são ótimos e os cenários são todos lindos de se ver e empolgantes de acompanhar. Com seus ótimos efeitos especiais também, conclui-se que Sucker Punch é sim o filme de ação perfeito, mas não é só isso. É um espetáculo visual e um orgasmo mental à todos aqueles que são como Zack Snyder: Nerds, otakus, fãs de filmes, de HQ’s e da cultura pop.

Uma pena que essas liberdades tomadas tenham desagradado não só à crítica mas à muitas pessoas. Mas ainda assim, posso dizer. Sucker Punch é do caralho. Mesmo.

Nota: 10/10
Sweet dreams are made of this. Who am I to disagree?

Crítica: A Lenda dos Guardiões.

Olá! Tudo bom?

Vim aqui falar de A Lenda dos Guardiões. É um filme que já estreou no Brasil há um tempo, mas que ainda deve estar passando nos cinemas. Eu ví em 3D no shopping de uma cidade vizinha aí e, posso dizer que é não só um dos melhores filmes que ví esse ano, mas também é um dos maiores espetáculos visuais que ví na minha vida.

O principal do filme é Soren (voz de Jim Sturgess), uma coruja ainda jovem que, com a ajuda dos pais, está aprendendo a voar, e se sai relativamente bem, chegando até a causar grandes ciúmes no irmão Kludd (voz de Ryan Kwanten) por seu melhor desempenho, fazendo com que o mesmo se sentisse negligenciado e menosprezado.

Soren é uma coruja sonhadora, que se sente fascinado pelas fábulas e pelas histórias contadas pelo seu pai, principalmente por aquelas que contavam as gloriosas e belas batalhas dos Guardiões de Ga’Hoole, que, segundo as lendas, eram um grupo de soldados do bem que lutavam contra os exércitos do mal do grande vilão Bico de Ferro. E, como toda criança, acredita fielmente na existência de seus grandes heróis, chegando a almejar ser um guerreiro e se inspirar neles sempre que vai voar.

Em uma brincadeira dos dois irmãos, ambos caem da árvore onde fica sua casa e são sequestrados por corujas maiores muito estranhas, que os levam para um lugar estranho, junto com muitas outras corujinhas jovens. Esse lugar estranho, então, é uma base para um “clã” de corujas: O clã dos “Puros”, comandado pelo grande Bico de Ferro (voz de Joel Edgerton) das lendas, que criava soldados especializados em batalhas e coletores, que servem para procurar e colher um tipo de “partícula” estranha que atordoaria qualquer coruja por mais forte que seja, almejando dominar o mundo. Enquanto Kludd é persuadido a se tornar um soldado deles para ganhar o reconhecimento que nunca teve, Soren vira um coletor junto com várias outras corujas que foram lunatizadas e transformadas em corpos sem vida que simplesmente realizam sua função sem ter a capacidade de pensar. Então, ele escapa e, com uma turma de amigos, vai procurar os grandes heróis de sua infância para buscar ajuda e lutar contra os Puros.

É uma história até relativamente simples, se formos analisar o contexto geral, mas, mesmo assim, o filme não é simples em sí. Ele conta com uma atmosfera “dark” bem tensa e pesada, que dá um tom de seriedade bem grande para a aventura. Há uma urgência no que os principais estão fazendo, e os perigos pelos quais eles passam é convincente. As cenas de ação e batalha são simplesmente de tirar o fôlego. O filme é relativamente violento, sim. Não tem sangue, mas há várias mortes implícitas. Mesmo sendo o primeiro filme não-18+ do diretor Zack Snyder (Madrugada dos Mortos, 300, Watchmen), vemos que ele não deixou pra trás suas características e seus gostos. Nas cenas de batalhas, há um belo uso das câmeras-lentas, que é algo que vemos desde 300 que o diretor faz muito bem.

E, como se não bastasse, o filme é lindo visualmente. Lindo MESMO. Tratando as corujas e os elementos gerais com um realismo impressionante, é um filme que nos deixa de boca aberta. Eu mesmo cheguei a ficar emocionado diversas vezes, chegando até a lacrimejar, mesmo que não tivesse acontecido nada de triste. Eu sou um chorão, não nego isso, mas devo dizer que a cena na qual Soren está voando na tempestade, em câmera lenta, com os pingos de água voando lentamente na direção de seu rosto com os relâmpagos caindo e se abrindo devagarzinho atrás…meu Deus, essa cena sim me fez ter diversas histerias internas e realmente me tocou, ainda mais em 3D. Conforme eu via o filme, eu pensava que era por isso que eu amava o cinema. Não só por causa de espetáculos visuais como esses, mas também porque eram a chance de uma vida de você ver coisas realmente marcantes, tanto em histórias quanto na parte estética das coisas. No cinema é um dos únicos lugares nos quais você pode acompanhar diversas histórias fascinantes e brilhantes, e um dos únicos lugares nos quais seus olhos podem ser presenteados com tamanhos espetáculos, cristalinos e emocionantes.

E foi pior ainda a minha emoção quando começou a tocar a música To the Sky, de Owl City. CARA, eu sou fá de Owl City mesmo. Eu amo Owl City. E não só o nome de Owl City combina com as corujas do filme, mas a letra da música To the Sky é absurdamente precisa e é tocada na parte exata, falando dos sonhos, de realizações e etc. E é exatamente essa a grande base do filme, os sonhos. Soren é um sonhador, e de tanto acreditar, acabou conseguindo o que sempre quis: Se encontrar com os seus heróis Guardiões de Ga’Hoole. E essa lição é realmente uma das grandes belezas. Siga seu sonhos, sempre. Lute pelo o que você acredita.

Infelizmente, o filme não é perfeito. A traição de Kludd, desde o começo, é algo que não convence. Ele simplesmente fica bravo por seus pais não o olharem da mesma forma que viam Soren, mas não é dado um motivo realmente convincente para que gerasse tamanha rebeldia. A construção desse personagem foi algo que me incomodou desde o começo, visto que é muito artificial. Desde que ele começa a traição, ele vai piorando como personagem, envolvendo até sua irmãzinha mais nova com os Puros, sendo praticamente um Edmund-coruja (Quem assistiu o primeiro As Crônicas de Nárnia, entenderá). E sentimos raiva dele. É normal sentirmos raiva de um personagem que é meio que vilão, mas não nos é dado uma explicação realmente boa para a conversão dele. E não dá pra deixar de notar isso.

Também, com um tempo de duração de mais ou menos 100 minutos, a história é um pouco desenvolvida às pressas, e algumas passagens poderiam ter aprofundamentos emocional e psicológico muito maiores. Mas temos que lembrar que é difícil prender uma criança na cadeira de cinema por muito tempo.

Mas isso não deixa de fazer com que A Lenda dos Guardiões seja um vencedor. Lindo, empolgante, fascinante e com uma lição de moral bonita, é um dos melhores filmes do ano e um dos filmes mais bonitos visualmente que já ví. A cena da tempestade, que citei anteriormente, é algo que ficará na minha memória pra sempre. Então, se puder, veja esse filme. Em 3D.

É de tudo o que vemos aqui que os sonhos deveriam ser feitos.

Nota: 9/10

Chase your dreams, and remember me, speak bravery,
Because after all those wings will take you, up so high,
So give the forest floor goodbye, as you brace the wind and,
Take to the sky ~~

Crítica: 300 (2006)

Olá a todos!

É, de novo – vocês devem estar cansados disso – estou inativo há um bom tempo. Infelizmente, não posso controlar quando problemas aparecem ou não, não é? =/

O importante (ou nem tão importante AUHEUHEU) é que eu estou de volta.

Para quebrar o gelo de mais de 1 mês, trago crítica de um filme que eu adoro e que é adorado por muita gente também. Esse filme é 300, dirigido por Zack Snyder.

Baseado na graphic novel de Frank Miller, 300 conta, de forma reinventada, a Batalha das Termópilas. O personagem principal é Leônidas (Gerard Butler), o rei de Esparta, que foi treinado arduamente desde sua infância para ser digno de adquirir tal posto.

Leônidas então, sem aprovação do corrupto conselho nem dos oráculos, parte com 300 dos melhores soldados espartanos para batalhar contra o grotescamente imenso exército do grande dominador Xerxes (Rodrigo Santoro) depois que este, por meio de um mensageiro, “propõe” uma relação de dominância e escravidão sob Esparta.

Enquanto isso, a rainha de Esparta (Lena Headey) luta contra a corrupção do conselho dentro de esparta para que possam ser enviados reforços ao seu marido e seu pequeno exército.

Desde o início da projeção vemos a beleza visual do filme e a fidelidade do mesmo em relação ao seu material de origem. O diretor Zack Snyder já disse em entrevistas o quanto ele gosta de realmente transformar o gibí em um filme com o menor número de mudanças possível. Filmado com uma tela digital (o cenário é colocado posteriormente por computador), o filme realmente segue sua graphic novel à risca, reproduzindo belíssimamente cenas marcantes da mesma, com uma direção de arte impecável e riquíssima em detalhes. Também é notável a habilidade de, com essa técnica de filmagem, mostrar realmente a grande magnitude do exército inimigo, nos mostrando em planos amplos o número de soldados que os 300 terão de enfrentar.

A ação do filme é o seu grande ponto forte. Usando com frequência as câmeras lentas, a grande quantidade de violência, planos-sequência magníficos e as outras técnicas já citadas, o filme transmite tudo sem que detalhes sejam perdidos (ao contrário de filmes como, por exemplo, Transformers), fazendo com que o filme fique, além de tudo, estiloso.

Falando em estilo, 300 tem bastante. Não só nas cenas de ação, mas também em muitas falas de seu protagonista. Mesmo sendo superficial (chegarei lá), Leônidas aparentemente tem o dom de formular frases excelentes e que todos conhecem, como “TONIGHT WE DINE IN HELL!!“, “SPARTANS, WHAT’S YOUR PROFESSION!?“, sem falar da clássica “THIS IS SPARTA!!“.

Porém, claro, o filme não é perfeito. Como já havia dito, o desenvolvimento de personagens é pouco. Leônidas, por mais legal que seja, não passa de um rei durão. Xerxes também não apresenta muito mais do que uma personalidade monótona de complexo de superioridade. Por mais que ninguém lá decepcione, os personagens não são profundos nem bem-desenvolvidos o bastante para que nos provoque algum tipo de emoção que não sejam arrepios constantes devido à belíssima matança desenfreada que presenciamos ou que não seja simples fascínio pelas qualidades visuais do projeto.
300 é um filme absurdamente divertido, empolgante, bonito e fascinante. Com um desfecho bom e relativamente realista, só decepciona àqueles que querem uma experiência mais complexa.

Nota: 8,5/10

E gostaria de falar de novo o quanto eu gosto do diretor Zack Snyder, que, posteriormente, conseguiu realizar a grande proeza de adaptar a obra-prima dos quadrinhos Watchmen de uma maneira magnífica (mesmo tendo desagradado a muitos fãs do gibí). E não só por isso, mas também por conseguir realizar um ótimo remake e um presente aos fãs de filmes de zumbí: A Madrugada dos Mortos.
Estou ansioso para sua animação A Lenda dos Guardiões (que estréia dia 9) e para seu outro projeto Sucker Punch.