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Crítica: Summer Wars

Summer Wars é um filme de animação japonesa dirigido por Mamoru Hosoda, mesmo diretor do excelente Toki wo Kakeru Shoujo (The Girl Who Leapt Through Time). A história se passa em um presente alternativo onde existe um mundo virtual global chamado OZ, que pode ser acessado por qualquer dispositivo eletrônico. Nesse mundo, você pode criar seu avatar e andar e interagir com pessoas do mundo inteiro, comprar itens, e, em certas áreas e ocasiões, usar seu avatar para combates e torneios de luta virtual. Também é possível trabalhar e ganhar dinheiro de verdade por meio dessa grande “rede”, que contem um sistema de segurança inquebrável. Ou quase.

A história começa quando Natsuki Shinohara (voz de Nanami Sakuraba) – uma menina popular de uma família bem tradicional – oferece para seu amigo Kenji (voz de Ryunosuke Kamiki) – um menino normal, excluído e gênio em matemática – um trabalho para as férias. Esse trabalho, então, seria acompanhá-la em uma viagem longa à casa de sua avó, que estará comemorando seu aniversário de 90 anos. E, lá, ele deveria fingir ser namorado de Natsuki para agradar à família. Lá, Kenji se sente deslumbrado e, pela primeira vez, se sentia em uma família de verdade, já que a dele sempre se mostrou ausente.

Os problemas começam quando, depois de uma noite, Kenji aparece nos noticiários, sendo acusado de invadir o sistema da OZ e de danificar, pichar e vandalizar aquele mundo. Descobre-se, então, que seu avatar foi roubado e hackeado por um avatar de inteligência artificial chamado “Máquina do Amor”, que começa a destruir e roubar milhões e milhões de outros avatares. Mas tudo fica pior quando esse avatar começa a absorver conhecimento e mostra-se uma ameaça de verdade quando têm acesso a satélites que podem ser despejados na Terra e causar grande destruição.

É impressionante, desde o primeiro minuto, a qualidade da animação. Estabelecendo um ótimo contraste entre o mundo real, que é sempre retratado com tons de cor normais e até opacos, e o mundo de OZ, que é extremamente colorido e mistura a animação 2D com um belíssimo cell-shading. A movimentação de todos os personagens é flúida e realista e a iluminação é maravilhosa. Quanto à parte técnica, Summer Wars sucede em todos os quesitos que se pode imaginar.

A trilha sonora também é muito boa, dando um bom tom às cenas e combina exatamente com o intuito do filme. Além disso, há algumas músicas bem viciantes e empolgantes, com a minha favorita sendo a ‘Saigo no Kiki’.

O problema, entretanto, são os personagens. Kenji, por exemplo, é um personagem que foi bem-desenvolvido e que não apresenta problemas, mas a coisa fica ruim quando aparecem os membros da família de Natsuki (isso no começo, já), e a tela fica cheia de personagens que não consegue ocupar o mesmo espaço. E eles são todos representativos na narrativa, então há uma grande sensação de vazio quando a maioria deles aparece. Principalmente Natsuki, que, em vários momentos, simplesmente esquecemos da existência dela, porque, com tantos personagens alí ela acaba ficando no canto, sem grande importância.

Outro problema é o clímax, que é bem decepcionante e nada empolgante. Mesmo sendo a parte mais visualmente atrativa, colorida e bonita de se ver do filme inteiro, nada de realmente emocionante acontece alí. Depois de cenas de batalhas, muito bem coreografadas, massivas e empolgantes, o que esse clímax oferece decepciona e chega ser considerado até bobo.

Mas o que define mesmo se o espectador vai ou não discordar do parágrafo acima é o conhecimento dele quanto à cultura oriental. O clímax ter decepcionado não foi culpa do roteiro, mas sim da minha nacionalidade, pois ele gira em torno de um jogo oriental de cartas chamado Hanafuda, que é totalmente desconhecido e peculiar para nós, ocidentais.

Por sorte, no final, depois desse clímax, há ainda espaço para empolgação e para um desfecho que soa relativamente satisfatório.
Resumindo, Summer Wars é um filme visualmente lindo, bem dirigido e com cenas boas. Aumente dois pontos na nota se você sabe jogar e gosta de Hanafuda.

Nota: 6,5/10

P.S: Summer Wars sai nos EUA em fevereiro, em DVD e Blu-Ray, mas não há previsão de sair aqui no Brasil, e eu não boto fé, então, se quiser, vai ter que importar. E sugiro pegue o Blu-Ray xD